Quais os serviços de advocacia mais buscados?

Como é de conhecimento notório, nos últimos anos o Brasil passou por um crescimento espantoso no número de faculdades de Direito, por todos os Estados da Federação. Onde antes sequer se imaginava um dia existir uma faculdade e de onde os filhos dos mais abastados saiam para estudar em longínquos grandes centros, hoje contam com uma, duas ou até mais faculdades de Direito.

Nos grandes centros, onde antes contávamos com uma ou duas faculdades, hoje são dezenas. Esta proliferação, certamente desenfreada e sem muito critério voltado para a qualidade do ensino, gerou uma legião de advogados por todos os rincões do país, que ao mesmo tempo experimentou um crescimento econômico mais favorável, dando a oportunidade à ampliação das relações jurídicas em todos os sentidos.

Neste meio tempo, a legislação, que sempre está ligeiramente “atrasada" em relação aos fatos sociais, também veio se aperfeiçoando e buscando um acompanhamento, ainda que tímido. Foi então que surgiram importantes criações e modificações legislativas, como o Código do Consumidor, o Novo Código Civil, a Lei dos Juizados Especiais, a Lei Maria da Penha, entre tantas outras.

Estas novas experiências legislativas, somadas à evidente ampliação ao acesso à informação e ao grande número de novos advogados pelo país afora, têm despertado uma espécie de “consciência jurídica" nunca antes vivida em nosso país. Esta conscientização, por sua vez, tem feito com que a demanda por serviços jurídicos de todas as espécies seja ampliada significativamente, de modo que mesmo que estejamos vivendo em um mercado que por muitos é rotulado de “saturado", ante ao incrível número de advogados disponíveis, aqueles profissionais e escritórios melhor preparados e bem estruturados, tenham cada vez mais serviços.

Por conta deste fenômeno, em nossa experiência profissional, temos detectado que os serviços mais buscados em um escritório de advocacia atualmente, estão voltados para a busca, o reconhecimento e a defesa dos direitos individuais. Ou seja, atualmente, tanto as pessoas jurídicas quanto as físicas, estão mais conscientes de que devem fazer valer seus direitos e em razão dessa consciência é que buscam o apoio dos profissionais da advocacia. Essencialmente, o que mais se procura é a proteção dos direitos patrimoniais, sejam aqueles decorrentes de prejuízos materiais ou morais, sejam aqueles voltados ao alcance ou à manutenção da posse e/ou propriedade de bens.

Problemas estruturais

Estes aspectos são positivos, mas por conta de tal crescimento, acabamos por enfrentar outros problemas, principalmente aqueles velhos e conhecidos nossos, relacionados à precária estrutura do Judiciário, que não tem como comportar o grande e incessante crescimento de demandas judicias, sem uma profunda reforma. O excesso de burocracia judiciária, os maus hábitos dos juízes, serventuários e até mesmo dos cidadãos e advogados, que habitualmente utilizam-se da precariedade do sistema e da estrutura para se beneficiarem de alguma maneira, torna o nosso Judiciário excessivamente lento, moroso e ineficiente.

Portanto, muito embora seja altamente positivo o crescimento da conscientização dos cidadãos e o grande fluxo de demandas por serviços dos escritórios de advocacia, também é certo que deste momento em diante é necessário que a característica destas buscas por serviços comecem a mudar e deixar de lado a beligerância, a litigância, para guinar radicalmente para serviços jurídicos de prevenção, mediação e arbitragem, que além de muito mais rápidos e muito menos traumáticos, são infinitamente mais baratos a todos, em todos os sentidos.